E O PRESIDENTE VAI A MISSA
Pe. Matheus S. Bernardes é sacerdote da Arquidiocese de Campinas/SP e professor de Teologia da PUC-Campinas
E o Sr. Presidente foi à
missa…
Fomos pegos de surpresa ontem.
Não pelas declarações realizadas na CPI, que a partir de hoje pode - e deve
investigar o Sr. Presidente da República por prevaricação -, mas porque ele foi
à missa.
Sim! Ele, sim, foi à missa!
Partamos de um princípio básico:
como todo e qualquer ser humano, o Sr. Presidente pode entrar em um templo
católico e participar da celebração eucarística. O problema não está aqui.
Tampouco, o problema está no
fato de que ele tenha se aproximado da Eucaristia e a recebido em comunhão. O
Concílio Vaticano II ressalta o primado da consciência de cada pessoa (GS 16). Logo,
se ele deveria ou não ter recebido a Eucaristia é um problema de sua
consciência.
Mas onde estaria o problema de
Sr. Presidente ter ido à missa?
Em primeiro lugar, no próprio
fato de ele não ter entrado como toda e qualquer ser humano em um templo
católico. Sua ida a uma igreja católica, ontem, foi calculada em todos seus
ínfimos detalhes.
Portanto, sua participação em
uma celebração eucarística foi uma das tantas movidas que ele faz para
contentar seus fanáticos, entre os quais, infelizmente, há muitos católicos.
Em segundo, o problema - e
gravíssimo! - está no fato de ele ter recebido a Eucaristia. Não bastou usar a
ida a uma igreja para fins políticos, o Sr. Presidente usa a Eucaristia para
esses fins.
Não é somente grave, é
gravíssimo!
A gravidade do problema não
está nas intenções do Sr. Presidente da República, mas nas intenções dos
ministros eclesiásticos que não só permitiram, mas ajudaram a arquitetar o triste
e lamentável espetáculo. Por isso, é um problema não é só, se tornou
gravíssimo!
Bem sabemos como muitos
ministros eclesiásticos impossibilitam o acesso à Eucaristia de irmãs e irmãos
que se casaram novamente. Pelo que sabemos, o Sr. Presidente estaria em seu
terceiro casamento.
Não nos é desconhecido, também, o fato de muitos ministros eclesiásticos se opõem à comunhão de irmãs e irmãos que buscam outras profissões de fé. É-nos conhecido que o Sr. Presidente, mesmo se dizendo católico, foi batizado nas águas do Rio Jordão por um pastor evangélico. Aqui há dois problemas: há um só Batismo, por mais que alguém abandone a fé católica e abrace outra profissão de fé, não deve ser batizado novamente e vice-versa. Logo, o que aconteceu nas águas do Rio Jordão não foi um Batismo, mas uma heresia.
Além do mais, ao renegar
publicamente sua fé - o que aconteceu em Israel foi publicado em vários meios
de comunicação - o Sr. Presidente se tornou, naquele então, um apóstata. Os
Padres da Igreja, autores cristãos dos primeiros séculos, insistem que os dois
maiores pecados que afastam um cristão da mesa eucarística são precisamente a
heresia e a apostasia.
Problema para a sociedade,
problema para a Igreja
A ida do Sr. Presidente à
missa não traz somente um problema para a sociedade, que mais uma vez assiste
estarrecida seus atos politiqueiros.
Sua ida à missa e sua comunhão
se tornaram um problema para a Igreja! É preciso ressaltar que sua ida à missa
ontem foi precisamente calculada, logo não podemos usar o argumento “não
negamos a Eucaristia a quem entra na fila”.
O Papa Paulo VI citando a
Santo Agostinho insiste que a Eucaristia não é um prêmio, mas remédio para os
enfermos e alimento para os famintos. A comunhão do Sr. Presidente foi, também,
calculada.
Não estaríamos diante de um
abuso feito à Eucaristia, que a partir do ocorrido pode ser equiparada a
qualquer amuleto mágico? Além do mais, se ele comungou por que negar a comunhão
aos descasados, aos homossexuais, aos pobres que entram em nossas igrejas e,
por estarem mal vestidos e mal cheirosos, não entram na fila da comunhão? Não
podemos nos esquecer, tampouco, de que os ministros eclesiásticos que mais
condenam irmãs e irmãos a não receberem a comunhão são também aqueles que
defendem com unhas e dentes o tri-casado Presidente da República.
Fiquemos somente nos
argumentos teológicos morais e com relação à heresia e à apostasia, por ora.
Se entramos na problemática de
que comunhão com o Corpo eucarístico de Cristo nos conduz à comunhão com seu
Corpo eclesial, especialmente com seu Corpo sofrido e retorcido nos pobres e
excluídos, teríamos que nos remeter a mais de quinhentos mil argumentos para
constatar que a comunhão do Sr. Presidente é um ultraje.
Fonte:https://www.bemparana.com.br/blog/teologiaeinclusao/post/e-o-sr.-presidente-foi-a-missa#.YOOoKehKjIU
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