YES, NÓS SOMOS COLÔNIA (?!)
Nesta
pandemia tenho procurado preencher o meu tempo para não cair na mesmice de a
falta do que fazer, ficar olhando para a TV sem interesse, com o pensamento
distante, na tola esperança de manter os olhos ocupados... Tenho procurado, além de tentar desenferrujar
os velhos músculos fazendo exercícios, sem obedecer a uma rotina, e mais uma
série de outras coisas que não fazia a muito tempo, como redescobrir
preciosidades musicais da minha vasta coleção. São coisas que não fazia há –
desculpem o termo popularesco! – uma porrada de tempo; garimpando guardados que
estavam em estado de quase relíquias; revendo filmes que considero “cult
movies” (desculpem a esnobada!) e –
bendita pandemia! – readquirindo o bom hábito de ler, pelo menos, uma a duas
horas por dia. Aliado a isto, diariamente, escarafuncho os mais diversos sites
na internet, principalmente os políticos. Política sempre me atraiu embora,
confesso, tenho sérias restrições aos homens que a fazem. Por isso, tenho um bom
costume (coisa que aprendi na prática jornalística) de, sempre que encontro
algo interessante, procurar ver os dois lados da questão ou do fato para tirar
minhas próprias conclusões.
Mas,
sem me aprofundar nas outras coisas, quero falar de maneira especial sobre
leitura. Considero leitura o melhor formador de caráter e de personalidade que
existe além de um excelente e barato agente de viagens, nos levando
instantaneamente a lugares e situações inimagináveis. Descobrimos nas páginas
dos livros as grandes verdades e a realização dos nossos sonhos. Aliás, ler e,
também, escrever para mim é como andar, respirar, viver. Desde a mais tenra
idade, o habito faz parte da minha vida e não a concebo sem isto. Com as
facilidades da tecnologia, comprei um minúsculo aparelho chamado Kindle onde
tenho armazenado o que quero ler e, graças a isso, tenho carregado uma
biblioteca no bolso. Esta semana, por exemplo, baixei da rede o livro “ A
Pátria de Chuteiras” do notável Nelson Rodrigues e lendo a crônica “Coices e
Relinchos Triunfais” ali contida, vi uma frase que me colocou a pensar:
“ (...) o subdesenvolvido faz um imperialismo às avessas. Vai ao estrangeiro e, em vez de conquista-lo, ele se declara colônia (...)”
Tomei um susto! O que será que o velho Nelson queria dizer, em 01.08.1966, ao escrever isto? Seria ele um profeta dos tempos políticos atuais? Ou esta é mais umas das virtudes de quem domina a arte de escrever como se fosse um alquimista? Será coincidência prever, com 54 anos de antecedência, o que determinados governantes entreguistas pretendem em relação ao Tio Sam?
Bem, pelo sim, pelo não, é melhor encerrar minhas conclusões antes que alguém diga que eu estou exagerando em minhas conjecturas ou até pense que tudo isto é caso sério! É sempre bom lembrar que este país está cheio de “inocentes úteis”, conhecidos como “massa de manobra” ou mesmo “gado”. Para estes, é um paradigma a frase do General Juracy Magalhães (UDN, atual PSDB), primeiro Ministro das Relações Exteriores da Ditadura Militar:
“O que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil”
Quanto a mim, no fundo, no fundo, concluo que o velho Nelson era, realmente, um clarividente e previu, décadas atrás: do jeito que a coisa vai, poderemos voltar a ser uma colônia, desta vez ianque, fazendo jus, de fato, ao nosso nome de “Estados Unidos do Brasil” ou fica mais próprio “Brasil dos Estados Unidos”?! Oh, yes!!...
...
Nenhum comentário
AVISO: os comentários são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do Site GutemBA News.
É vedada a inserção de comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros. O ADM pode até retirar, sem prévia notificação, comentários ofensivos e com xingamentos e que não respeitem os critérios impostos neste aviso.