A NATUREZA SENDO DEVASTADA POUCO A POUCO ATÉ QUE NÃO RESTE MAIS NADA
“A impressão foi que o inferno tinha subido”, diz professor biólogo que fez sobrevoo em meio aos incêndios no Pantanal
27/09/2020 11h04 Atualizado 15:59
Universidade Estadual do Ceará (Uece), fez um sobrevoo na sexta-feira (25) por áreas do Pantanal, (veja vídeo), bioma que enfrenta os piores incêndios em sua história.
Hugo, que está em Corumbá (MS), voou até a Serra do Amolar, na divisa de Mato Grosso com Mato Grosso do Sul. Na volta, gravou as imagens. Ao G1, ele relatou uma visibilidade precária durante o voo, linhas de fogo de quilômetros de extensão e o perigo que correm as milhares de espécies da região – algumas das quais já corriam risco de serem extintas antes de os focos aumentarem.
"A impressão que deu foi que o inferno tinha subido", relatou o biólogo, que trabalha com conservação de espécies em larga escala.
"Para onde olhava tinha incêndio; as linhas de fogo tinham quilômetros. A visibilidade do piloto, que tem 46 anos de profissão, foi comprometida. Ele, que conhece milimetricamente a área ali, passou a contar com a ajuda dos controladores para voar de volta a Corumbá", relatou o professor da Uece.
"Em um incêndio de grandes proporções, o impacto direto são os animais queimados. Esse [incêndio] está sendo num nível tal que até animais ágeis, como a onça-pintada, têm sido registrados [como queimados]", destacou o biólogo.
"Se animais ágeis estão morrendo, imagine o que acontece com os menores, sem a menor chance de fuga, a menor chance de defesa. No avanço direto do fogo, são milhões de indivíduos mortos", lembra.
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Hugo explica que, da forma como o fogo se espalha, algumas áreas acabam ficando protegidas – por ação humana ou porque o vento, um fator importante no alastramento das chamas, não espalha os incêndios. Esses locais se tornam, então, o refúgio de muitas espécies – o que também cria problemas.
"Imagine você na sua casa que tem 3, 4 pessoas. E você abre a porta e 100, 150 pessoas passam – a despensa vai ficar vazia no primeiro dia", compara o professor. "Esse é o cenário. Isso é o que acontece quando tem uma área de refúgio. Não tem como disputar recursos", explica.
Espécies ameaçadas
O professor também alerta que, como o Pantanal abriga milhares de espécies, os prejuízos vão além dos vistos naquelas que chama de "espécies-bandeiras", que acabam atraindo mais atenção – como a arara-azul ou a onça-pintada.
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